O encontro de Hélio Delmiro e David Sacks

Hélio Delmiro e David Sacks sentados no palco do Little Club Foto: Bernardo Costa/Coisas da Música

Quando chegou ao Beco das Garrafas, no último sábado, para assistir ao show do violonista Hélio Delmiro, o trombonista americano David Sacks, que há 27 anos não vinha ao Rio de Janeiro, foi abordado por Paulo Henrique, garçom do Beco das Garrafas, da seguinte forma:

– Vai dar uma canja com o Hélio Delmiro? – perguntou ao ver o músico com o instrumento.

David Sacks hesitou. Não conhecia Hélio Delmiro pessoalmente, mas sabia de cor inúmeras gravações do violonista brasileiro, especialmente com as cantoras Elis Regina e Sarah Vaughan.

Paulo conduziu David para o Little Club, onde Hélio Delmiro aprontava-se para dar início ao show. Ao serem apresentados pelo atendente, Hélio intimou o trombonista a participar do show.

– Ah, você está com o instrumento? Então vai tocar.

O show começou. O Little Club estava lotado, não havia lugar nem em pé. Na primeira mesa, aos poucos David Sacks foi arrumando o instrumento. Sozinho no palco, Hélio Delmiro tocava jazz, canções do Johnny Alf, músicas próprias. E cantava, a faceta mais recente de sua expressão artística.

No segundo set, ainda sentado, Dave Sacks não se conteve e solou a melodia de “Lapinha”, da mesa, antes de Hélio Delmiro recomeçar a música de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Foi o momento em que o violonista o chamou ao palco.

Hélio e David: confraternização no Beco das Garrafas Foto: Bernardo Costa/Coisas da Música

Português fluente

Os dois tocaram “Copacabana” (João de Barro/Alberto Ribeiro), “Samba de uma nota só” (Tom Jobim/Newton Mendonça) e “Amazonas” (João Donato).  O público pediu mais e, como bis, saíram duas músicas de carnaval: “Vassourinhas” (Matias da Rocha) e “Está chegando a hora” (Rubens Campos/Henricão).

– Hélio Delmiro tem uma facilidade técnica para dominar harmonicamente qualquer composição. Então, me senti muito à vontade, pois poderia puxar qualquer música que ele iria saber como completar, como seguir o acompanhamento – comentou David Sacks, em português fluente, que aprendeu no convívio com músicos brasileiros em Nova York, como Edison Machado, Alfredo Cardim, Ion Muniz, Cláudio Roditi, Astrud Gilberto e Tom Jobim.

Terminado o show, Hélio e David sentaram-se à beira do palco do Little Club, momento em que foram feitas as fotos que ilustram esta matéria.

A lista que David Sacks trouxe de Washington Foto: Bernardo Costa/Coisas da Música

Lista de músicas

David Sacks tinha um objetivo em sua viagem ao Rio: tocar as músicas brasileiras anotadas em um papel que tirava do bolso sempre que havia oportunidade.

Na estadia de 10 dias, interpretou quase todas em encontros que teve na cidade. O trombonista ainda participou da roda de choro da Escola Portátil de Música, na Unirio, tocou com Téo Lima & Bossa Rio no Bottle’s Bar, com o pianista Alfredo Cardim e o baixista Edson Lobo numa festa em São Conrado, e com o conjunto T-Bones Brasil Ensemble, no restaurante Sobrenatural, em Santa Teresa.

Na noite do último sábado, ao se despedir de Hélio Delmiro e do público, alguém comentou: “Tomara que você volte ao Rio em breve, David”.

– Se Deus quiser! – respondeu o trombonista, que deixou o Beco das Garrafas assoviando uma melodia, caminhando em direção ao táxi que o levaria de volta ao hotel.

Em setembro

Hélio Delmiro, que tocou todos os sábados de agosto no Little Club, continua com a temporada no Beco das Garrafas. Os shows, a partir deste sábado, passam para a boate ao lado, o Bottle’s Bar, para comportar as pessoas que têm ficado de fora por falta de espaço no Little Club. Hélio Delmiro segue a pedido dos fãs. Toda noite uma surpresa.

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