Hermínio Bello de Carvalho aponta novo talento: Vidal Assis

Vidal Assis e Hermínio Bello de Carvalho no Semente Foto: Bernardo Costa / coisasdamusica

A conversa girava em torno dos “personagens secundários”. Os que precederam a bossa nova e foram importantes para as descobertas de Tom Jobim e companhia: Valzinho, Garoto, José Maria de Abreu, Custódio Mesquita e Radamés Gnattali. O papo é entre Vidal Assis e Hermínio Bello de Carvalho, numa mesa do Bar Semente. Dois parceiros que faziam, naquele momento, o mesmo que os antecessores citados: dialogavam. Chamam isso de Cultura, e ela acontecia na Lapa, na noite em que a dupla apresentou as canções do CD “Álbum de retratos”.

Vidal Assis e Hermínio Bello de Carvalho no palco do Semente Foto: Bernardo Costa / coisasdamusica

Como bons parceiros, Vidal e Hermínio se entendem e se divertem Foto: Bernardo Costa / coisasdamusica

São 14 composições, que dependem de financiamento coletivo para serem gravadas (saiba como ajudar aqui). Tem samba, baião, toada, choro: os retratos diversos de 10 anos de uma parceria que começou por telefone. Foi na Rua Richard Strauss, em Jardim América, na Zona Norte do Rio, que mandaram chamar Vidal Assis:

– Alô? – era um jovem de 20 anos que atendia.

Do outro lado da linha, Hermínio Bello de Carvalho, 70. Trocaram poucas palavras e logo Vidal corria pela casa atrás de papel e caneta. O poeta, parceiro de Cartola, Paulinho da Viola e Chico Buarque, ditava versos como: “E no peito uma gaiola / Guarda um tal sentimento / Que mal comparando é um rio / Que escorre sempre pra dentro”. Que honra! Era o poema “Ao revés”, que musicado por Vidal, inaugurou a parceria da dupla.

A música está no CD, assim como “Queira Deus”, que abriu o show no Semente:

A casa da Rua Richard Strauss era a segunda da infância de Vidal Assis. A anterior ficava no mesmo bairro, na Rua Franz Liszt. Por coincidência, dois compositores históricos batizam os endereços. E ainda havia outro por ali, este de carne e osso, chamado Nelson Cavaquinho. Era vizinho da Rua Franz Liszt. Foi por influência dele que o pai de Vidal Assis comprou um violão, no mesmo ano em que o filho nasceu.

– O violão hoje tem a minha idade. Foi olhando para ele, na sala de casa, que senti vontade de tocar. Tentei até conseguir, lá pelos 12 anos. Meu pai mesmo nunca aprendeu, e o Nelson Cavaquinho acabou pegando mais no violão do que ele – conta Vidal Assis em entrevista ao portal Coisas da Música.

Vidal Assis canta as músicas feitas em parceria com Hermínio Foto: Bernardo Costa / coisasdamusica

Vidal Assis canta as músicas feitas em parceria com Hermínio Foto: Bernardo Costa / coisasdamusica

Nelson Cavaquinho, que compartilhou o violão com Vidal, também foi parceiro de Hermínio. A Cultura prossegue e a história se entrelaça. Até que, muitos anos depois, Vidal e Hermínio se conhecem, na Escola Portátil de Música. Uma relação que começa entre aluno e professor.

– Eu ministrava uma oficina da qual ele fazia parte. Fomos ficando amigos e obviamente eu fiquei conhecendo um pouco do que ele fazia. E senti que havia um bocado de coisas que eu poderia trazer para a minha poesia; e que eu poderia dar um pouco da minha arte pra ele também – diz Hermínio: – Um espia o que o outro tem dentro do baú, e de repente sai uma coisa bonita…

Elton Medeiros entra na parceria

No show do Bar Semente foi apresentado, em primeira mão, o samba “Sabedoria”, que também fará parte do CD. Foi feito com o novo parceiro, Elton Medeiros, que, batucando na mesa, compôs a segunda parte de uma música que Vidal Assis havia trazido estrategicamente para um encontro na casa de Hermínio. Elton pediu para ligar o gravador e cantarolou a melodia; Vidal e Hermínio dividiram a letra. O resultado ouvimos abaixo:

 

Créditos adicionais:

Foto de capa: Bernardo Costa / portal Coisas da Música

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