Gerações na história de Sérgio Mendes

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Sérgio Mendes e André de Santanna durante passagem de som no Blue Note Rio Foto: Alexandre Brum / brumfotos

O contrabaixista André de Santanna olha atento para Sérgio Mendes, na passagem de som para o show no Blue Note Rio. Pelo sinal do líder do conjunto, tudo ok. Sérgio Mendes sente-se bem entre jovens músicos. Faz brincadeiras, dá risada, fala gíria. Para a arte, fundamental encontro de gerações, que, no caso de André de Santanna, tem um detalhe a mais. Ele é neto do embaixador Mário Dias Costa, o responsável pela ida de Sérgio Mendes para os Estados Unidos, onde o brasileiro tornou-se uma celebridade internacional e onde vive até hoje.

Sérgio Mendes dança ao som da banda. André à direita e o percussionista Gibi ao fundo Foto: Alexandre Brum / brumfotos

Como chefe da Divisão Cultural do Itamaraty, Mário Dias Costa esteve envolvido na organização do concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em 1962. Na ocasião, assim como a maioria do grupo, Sérgio Mendes fez sua estreia nos Estados Unidos. E por lá ficou, como Tom Jobim e João Gilberto. Dois anos depois, o embaixador organizou uma excursão de Sérgio Mendes e Brazil 65′ pelas universidades norte-americanas.

Por telefone, de Los Angeles, André de Santanna lembra dos encontros com o avô, que apostou no potencial da música brasileira e se empenhou para divulgá-la no exterior.

– Passava os verões com ele em El Salvador, onde ele era embaixador na década de 1990. Eu devia ter uns 6 anos. Lembro que ele ouvia os clássicos do jazz, discos de Count Basie e Frank Sinatra. E usava ternos elegantes. Quando ele contava histórias, todos paravam para ouvir – diz André de Santanna em entrevista ao portal Coisas da Música.

Sérgio Mendes e banda durante passagem de som no Blue Note Rio. Foto: Alexandre Brum / brumfotos

Por acaso

Quando era adolescente e morava com a família em Los Angeles, André frequentava churrascos na casa de Sérgio Mendes. “Eu brincava com os filhos dele”, lembra. Na adolescência, aos 15 anos, Sérgio Mendes e Mário Dias Costa não viram a iniciação musical e os progressos de André no contrabaixo, que começou no instrumento por influência do pai, o contrabaixista Antônio Santana.

– As famílias perderam contato nessa época e meu avô já havia falecido – diz André.

Em 2014, o reencontro com Sérgio Mendes foi por acaso. Quando o pianista precisou de um contrabaixista para uma gig, o baterista Mike Shapiro indicou André de Santanna, que despontava em Los Angeles e tocava no grupo Eyedentity, com Diana Purim, filha de Airto Moreira e Flora Purim. No estúdio, houve entrosamento. Ligação que se tornou mais forte quando Sérgio Mendes se deu conta do grau de parentesco.

Hoje, quando rodam o mundo em excursões, André conta que o pianista costuma comentar:

– Seu avô deve estar feliz vendo a gente lá de cima.



Novo CD

André de Santanna tem 34 anos e vive em Los Angeles. No momento, faz shows internacionais com Jason Mraz e Sérgio Mendes, com quem grava novo CD, ainda sem título. Como contrabaixista, produtor, compositor e técnico em mixagem, atuou em trabalhos de Bebel Gilberto, Ziggy Marley, Zee Avi e Herb Alpert – outra pessoa importante na trajetória de Sérgio Mendes.

Certamente o leitor vai se lembrar do LP “Herb Alpert Presents Sérgio Mendes & Brazil 66′”.

Histórias que se entrelaçam.

 

Crédito adicional

Foto de capa: Alexandre Brum / brumfotos
www.brumfotos.com

Banda de Sérgio Mendes: Sérgio Mendes (piano), André de Santanna (baixo), Leonardo Costa (bateria), Kleber Jorge (violão/guitarra), Brendon Coleman (teclados), Gracinha Leporace e Katie Hampton (vocais) e Harroll ‘H2O’ Harris (rapper).

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