Mauricio Einhorn está de volta aos palcos
Quando deixava a Sala Baden Powell, Claudete Santos, a esposa do gaitista Maurício Einhorn, tinha lágrimas nos olhos:
– A música é a vida dele. Se ele não tocar, aí sim ele fica doente.
Maurício Einhorn, 84 anos, acabara de participar do show de Gabriel Grossi, seu discípulo, e do multiinstrumentista Arismar do Espírito Santo. Havia dois anos que não subia ao palco devido a complicações cardíacas. Tocou três músicas, foi aplaudido de pé.
Claudete se emocionou, assim como todos que estavam na plateia naquela noite de sábado, dia 5.
– Gravou isso aí? Gravou?! – perguntou alguém no fim do espetáculo ao perceber equipamentos de filmagem.
No dia seguinte, em conversa ao telefone, era Maurício Einhorn quem falava de sua emoção.
– Levantaram, aplaudiram de pé; e isso toca a gente. À propósito, você já esteve no palco alguma vez? – perguntou Einhorn.
– Ah… sim, como parte de um conjunto de adolescentes.
– E aí, o que sentiu?
– Não consigo explicar.
– É assim mesmo, não tem como explicar.
Assum Preto
Como não dá para pôr em palavras a beleza de Assum Preto, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Foi a primeira música que os três tocaram juntos. Antes de começá-la, Einhorn contou que aprendera a canção com Arismar, no estúdio, durante a gravação de seu disco com o violonista Sebastião Tapajós, que teve Arismar como convidado especial.
Silêncio total na plateia.
Arismar, ao violão, acompanha Einhorn, que toca a melodia de Assum Preto e improvisa. Gabriel Grossi, reverente, apenas curte o momento. Até que Einhorn vira-se para ele e faz um sinal com a cabeça, como quem diz: “Como é, não vai tocar não?”
Gabriel Grossi toca. Maurício Einhorn sorri (veja o vídeo no início da matéria).
Depois vieram Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro) e Batida Diferente (Maurício Einhorn e Durval Ferreira). No bis da noite, já com Einhorn de volta à plateia, Arismar do Espírito Santo perguntou com qual música deveriam encerrar o show.
A resposta de Maurício Einhorn veio num grito:
– Estamos Aí!